15 outubro, 2012

sem intruso



é uma cadeira vazia no canto da sala.
a folha que não foi varrida da rua.
é ver de perto a vida desbotada.
é estar vestida se sentindo nua.

é a música cansada de um só acorde.
o violão esquecido com as cordas partidas.
é uma voz fraca, fina e sentida.
é uma partitura muda e despida.

é o espelho refletindo sem ter quem olhe.
brincar de esconde sem ter quem ache.
é uma pele macia sem ter quem afague.
uma chuva insistente que não molhe.

é a valsa tocada fora do compasso.
a poesia cantada sem ter quem escute.
é um oco no peito, um excesso de espaço.
é no corpo latente a falta de abraço.

é um vestido novo em desuso.
é o fim de um show sem aplauso.
a película de um filme confuso.

assim é um coração sem intruso.



4 comentários:

  1. Que coisa linda, Carol! Também sou amante das poesias! Antigamente escrevia bem mais... vou ver se volto a dedicar um tempo a escrita!

    Belíssimas palavras!

    Beijo!

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  2. Me tocou muito...parabéns Carol, te admiro muito, vc é uma verdadeira artista!
    Camila

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  3. Lindo Carol, Parabéns moça!!!! Você vai muuuuito longe.

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  4. Lindo,Parabéns (:

    Também escrevo:http://www.avidaemletras.com/

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