22 agosto, 2008

Pequenas histórias

O GARÇOM

Num boteco qualquer.
- Ei! Tio!
- Opa minha filha!
- Eu quero uma água mineral, por favor.
- Não temos água mineral.

(como assim um bar não tem água mineral????)

- Hummm...então me traz um guaraná antárctica, tem?
- Só tem Kuat.
- Humm, então uma coca, normal.
- Só tem light.
- Então uma fanta.
- Só tem uva.
- É...então traz aquelas pedrinhas
de gelo espertas, que eu deixo derreter!

21 agosto, 2008

Tem dias que a noite é foda

Alguém me disse essa máxima que define qualquer coisa que possa acontecer entre o dia e a noite de um ser humano. Apesar de ser nome de música de duplinha-pop-sem-graça (K-Sis), a frase tem seu mérito. E por isso mesmo, virou título de post. Tem dias que a noite é foda.

no outro dia a gente acorda com sono
ou a gente simplesmente não dorme.
no outro dia bate aquela dor de cabeça
por que a gente simplesmente perdeu a cabeça.
no outro dia tem um despertador insuportável tocando
e a gente não acerta o botão pra desligar.
no outro dia todas as vodkas ainda estão no sangue
ou a gente vê que nem tem mais sangue mesmo.
no outro dia são copos e mais copos de água
e idas e mais idas ao banheiro.
no outro dia a gente vê que gelo nem faz tanta falta
ou que cachaça não é tão bom assim.
no outro dia a gente não come por que o estômago não aguenta
ou por que a gente quer permanecer em forma.
no outro dia a gente toma um banho pra lavar a alma
sem querer que o cheiro da noite saia.
no outro dia a gente não quer que o outro dia chegue
ou que o dia que a gente está fique parado ali mesmo.
Mas a gente percebe que as estruturas cronológico-temporais
não podem ser mudadas.
E aí vem a noite de novo. E essa sim, é foda.

07 agosto, 2008

A ponte

Eu estou diante de uma ponte de madeira que balança insegura sobre um abismo. O final da ponte não se vê, muito menos o que está do outro lado. Onde eu estou é seguro. Atrás de mim estão todos aqueles que dependem ou cobram de mim seja o que for, mas que, principalmente, não querem que eu atravesse a ponte. Contudo, para eu atravessá-la, são me impostas três condições: colocar duas pesadas asas sobre as costas, não levar ninguém comigo na travessia e cortar as cordas que sustentam a ponte quando chegar ao outro lado, para que ninguém me siga. Por que o que está do outro lado só pertence a mim. Porém não é fácil pagar tão caro para ver o que há depois do abismo. Eu tenho as asas que, apesar de asas, são pesadas. Eu tenho uma ponte que não sei onde vai dar e tenho a culpa espremida, junto com as minhas coisas, pesando dentro da bolsa. Seria pedir demais que a ponte fosse o caminho de volta ao útero materno? Seria pedir demais que eu voltasse a ser só, sem erros nem acertos, uma residente adormecida de uma barriga quentinha? Eu quero atravessar a ponte e quero ir para tão longe que ninguém me alcance.


CRÉDITOS

À minha mãe que tinha o melhor útero do mundo.
A ela novamente por ser a única que apóia a minha travessia.

A valsa

Para se dançar uma valsa, dois.
Para que essa valsa faça sentido, alguns acordes.
Para que tenha ritmo, alguns passos.
Para que tenha leveza, uma mão na cintura outra no braço.
Para que tenha firmeza, um homem que guie.
Para que tenha intensidade, olhares.
Para que acabe, aplausos.