30 março, 2011

uma caixa de bis branco

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Meu blog também é desabafo.
Me perdoem as palavras rudes, no fundo eu sou legal.

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Eu não consigo esperar. A espera é um dos exercícios mais complexos que eu posso desempenhar na minha vida. Tudo pra mim tem que ser agora. Quem espera perde a vez, essa é a minha filosofia. Eu não espero com paciência, eu vou perdendo os brios e decência e, em pouco tempo, eu já desejo a morte de várias pessoas. 

Claro que isso acontece com mais frequência quando eu preciso resolver alguma coisa no banco ou na nossa digníssima Prefeitura de Recife, e percebo que cargos públicos são fábricas de incompetentes. Morosidade, burocracia e um monte de pra-quê-isso que ajudam o ser humano a transcender através da espera eterna. Mas eu não transcendo. Eu transbordo. 

Sou tomada por um acesso de fúria que não consigo externar. Infelizmente não dou escândalo, nem tenho ataques de bipolarismo e saio quebrando tudo, xingando a mãe e chamando de arroz doce. Também não quebro cadeiras, não bato na mesa ou grito com o atendente cadêêêêêê-o-gerente-dessa-espelunca?????? Essa educação velada tem um preço: uma gastrite emocional que mora no meu estômago. 

Por quê ninguém me ensinou a dar um bom escândalo ein? A gritar um monte de palavrão pra ser atendida prontamente? Mamãe esqueceu disso. E enquanto eu espero na Prefeitura de Recife, exatas 1 hora por uma nota fiscal, um papelzinho impresso inexpressivo que eu ainda paguei R$ 6,74 por ele, (depois de pagar uma anuidade de R$ 150) eu desejo a morte sórdida de cada um daqueles funcionários. Daquela mulher mal-humorada que finge que tá digitando coisas, pra não atender a próxima senha. Daquele senhor que vai e volta de uma salinha misteriosa com absolutamente nada nas mãos. Daquele estagiário que senta numa mesa vazia e não faz nada, igual a todo mundo. Eu desejo que o Governo, o Estado ou sei lá o que danado que administra essa terra, se exploda em mil pedacinhos e que, não satisfeita, eu pegue os caquinhos e jogue no inferno.

E mais! Compreendo perfeitamente se um dia chegar um lunático metralhando todo mundo. Isso é a consequência de anos e anos de escândalos não dados no balcão de atendimento. Isso é a revolta contra aquelas pessoas preguiçosas que, através de um concurso, vão apodrecer nas cadeiras da Prefeitura, fazendo nada, conversando com o colega do lado, enquanto a gente espera E PAGA, para não ser atendido e eles ganham pra nunca serem demitidos. Isso é a resposta pelo desrespeito com quem paga seus impostos pra fazer as coisas funcionarem e, no frigir dos ovos, o que a gente faz é alimentar uma cochia de porcos.

Saí da Prefeitura arrasada por dentro. Com aquela agonia de quem foi assaltado e o ladrão não foi preso sabe? Aquela sensação de fazer papel de palhaça. Logo eu, que detesto circo. Chegando ao Recife Antigo, obviamente não tinha mais vaga pra estacionar e eu coloquei o carro no Paço (ou seja, R$ 27 ao fim do dia).

Comi sozinha, meia caixa de Bis branco para me autocompensar/mutilar pelo estresse. Por que além de me fazer pobre, a Prefeitura me engorda e me inspira pensamentos horroros e atrozes.