Aquele amor louco, desesperado, aquela paixão sem freios com um abismo do lado, aquele amor que suga nossas energias e sem o qual supostamente não podemos viver. Um sufoco, uma agonia um não-sei-respirar-sem-você. Uma cegueira absurda, uma surdez sem limite, um ciúme que deixa de recordação uma gastrite.
É imoral.
Aquele amor de beco, escondido, com receio, aquele que ninguém pode saber. Num canto escuro, um sussuro e algumas mensagens que precedem o encontro sujo. Aquele amor de vinho, que a sobriedade não permite esquecer. Um amor impossível, que à noite é tão quente, e de dia esfria triste, um amor ébrio que deixa apenas o cheiro do perfume, que persiste.
Ou engorda.
Aquele amor calmo e sereno, que envolve nos braços, que são suaves os abraços, que a noite de amor acaba numa sobremesa de chocolate. Aquele romance quase apagado, um amor da sala pro quarto. Algumas horas assistindo filme num sofá desbotado. Uma mistura de pipoca e restaurantes, sem espaço para intensidade. Um prato de comida morna e sem vontade.