30 setembro, 2008

A grande saga de Sofia

Sofia sofre. Sofre por que sente. Sofia está num grande dilema, numa dúvida da qual ela já sabe a resposta, mesmo sem admitir. Foi assim das outras vezes, vai ser assim desta também. Sofia sabe que o que sente é fruto de algo que lhe é natural. Quando se apaixona, se incomoda. Por que para Sofia estar apaixonada é sentir 10 vezes mais, é elevar à décima potência qualquer sentimento, por mais simples e banal que seja. E é por isso que Sofia, tão reticente, evita a paixão. Por que já se deixou tomar por ela várias vezes e todas as vezes com intensidade suficiente para fazê-la sofrer em vão. Sofia não se se é só com ela que isso acontece, ou se com todo mundo é assim o que ela sabe é que o bom mesmo é somente gostar. É isso que pensa Sofia. Gostar está bom que chegue, dá que baste, para se manter uma relação. Mais que isso é soberba. Mais que isso é excesso e o que é excesso ou mata ou engorda. Sofia quer permanecer magra, e viva de preferência. Estar apaixonada é se incomodar com tudo. Tanto o bom quanto o ruim tomam as mesmas proporções e o que é bom é ótimo, o que é ruim é muito mais que péssimo. Tudo muito sem motivo. Somente pelo simples fato de que Sofia sente e sofre por que sente demais. A grande saga de Sofia, a sua grande missão, é evitar que essa paixão tome conta de si, por que é demais e ela não aguenta. Nunca aguentou. Sofia não quer mais se incomodar. Quer só gostar, como quem gosta de morangos: gosta, mas vive sem, não morre por eles nem faz tanta questão se não houver na sobremesa. Sofia quer só gostar e só ter isso mesmo pra sentir e não discutir, não se abalar. Um dia na praia, uns raios de sol, só gostar, devem ser o bastante e é pra isso que Sofia acorda todos os dias. Só para gostar.

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